4 de agosto de 1925
Este vale, que tem cerca de 3,5 quilômetros de comprimento e
1,6 quilômetros de largura, está a cargo de um deva da natureza que parece ter
vindo para cá a fim de adiantar a evolução da vida do vale. Embora seja ele
mesmo um espírito da natureza e, portanto, estaria interessado primeiramente na
evolução dos reinos elemental e vegetal, ele também tem um grande interesse nos
habitantes humanos do vale, e quando pode trabalha também por eles.
No entardecer do dia seguinte à nossa chegada, subimos as
colinas que se erguem no fim do vale até um ponto de onde podíamos abranger com
o olhar os campos, casas e florestas de que é composto. Enquanto estávamos
sentados contemplando a pacífica e formosa cena, o deva mostrou-se; pairando no
ar sobre o topo das árvores diante de nós, deu-nos as boas- vindas ao vale.
Quando visto pela primeira vez, ele parecia ter mais de três
metros de altura, e sua aura se irradiava de seu corpo até uma distância de
cerca de 90 metros em toda sua volta. Depois de nossa conversa, contudo, ele a
estendeu ou espichou até que atingisse toda a largura do vale, incluindo o
pequeno regato que corria através dele; então ele se moveu lentamente vale
abaixo, tocando cada coisa viva em seu interior, dando a cada uma um pouco de
sua força magnificentemente vital.
Sua face é nobre e bela, seus olhos são deslumbrantemente brilhantes,
e se parecem mais como dois centros de força do que olhos, pois não são usados
do mesmo modo que os nossos, para a expressão de pensamentos e emoções.
Expressou um benevolente cumprimento de boas-vindas, não só através do sorriso
que abriu seus lábios, mas através de todo o seu ser: ele irradiou suas
boas-vindas sobre nós, assim como ele dissemina seu poder purificador e
estimulante sobre todo o vale. As cores de sua aura estão brilhante e
constantemente mudando, à medida que fluem em ondas e vórtices para fora da
forma central. O esquema de cores se altera de minuto a minuto; agora a cor
predominante pode ser um profundo azul real com vermelho e amarelo dourado e
verde mesclando-se através dele e nele, fazendo remoinhos e ondas de cores
brilhantes à medida que fluem em corrente contínua; agora mudam completamente –
há um fundo de rosa pálido, com um leve azul-do-nilo, azul celeste e o mais
pálido dos amarelos.
Ocasionalmente, onde os poderosos ombros das asas são
delineados em fogo dourado, ele se parece como um grande pássaro com as bordas
de suas asas incendiadas pelo sol poente. Há um contínuo jogo de forças, como
uma miniatura de aurora boreal, subindo de sua cabeça até alto no ar, e no meio
da cabeça há um resplandecente centro de luz, que é a sede da consciência
dentro da forma. Enquanto o descrevo ele subitamente sobe para o céu, onde
paira tão alto a ponto de ser quase invisível. Mesmo daquela altura, contudo,
ele mantém o vale dentro de sua consciência.
Seu caráter é uma combinação desusada do vívido senso dévico
de liberdade de todas as limitações com a capacidade humana para a ternura,
profundo interesse pelos outros, e amor.
Sinto que seguramente todo o nascimento e morte dentro do
vale lhe devam ser conhecidos, e que a dor, que acompanha ambos, é aliviada por
ele até o máximo de seu poder; pois vejo formas-pensamento em sua aura que o
mostram acolhendo em sua radiância brilhante as almas dos que recém morreram,
protegendo-os, e guiando-os a um lugar de paz; vejo que ele observa as crianças
brincando, e o velho camponês descansando; de fato, ele é o anjo guardião do
vale, e felizes os que vivem sob seu cuidado.
As hostes dos espíritos da natureza menores o obedecem, e
vejo as criaturas da terra e das árvores e as fadas menores respondendo ao seu
toque quando seu poder os toca; os elfos e brownies sentem uma exaltação
súbita, cuja origem não podem compreender completamente, embora a reconheçam
como sendo uma característica constante de suas vidas; as fadas sentem uma
sensação aumentada de ludicidade e alegria quando ele influi nelas com sua vida
radiante. Toda a Natureza parece ser estimulada por sua presença aqui. Sua
influência, que dá uma certa qualidade, uma característica local, uma atmosfera
especial, perceptível nitidamente em toda a extensão do vale, tem um encanto que
beira o deslumbramento; isso deve igualmente afetar todos os seres humanos que
vivem aqui durante algum tempo, particularmente aqueles que nascem e vivem
dentro da contínua ação de sua vida áurica, e seguramente deve haver vezes em
que sentem o espírito do deva sobre eles.
Fonte: Livro O Reino Das Fadas – Geoffrey Hodson - Primeira
Edição em 1927 - The Theosophical
Publishing House - (Londres).
Imagens: Gilbert Williams - Visionary Art.
Bênçãos!
Namastê!
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