Numa floresta perto de Celigny, Gênova.
Sexta-feira, 13 de junho de 1924.
Enquanto eu contemplava as fadas e os gnomos que proliferam
neste lugar, um deva da floresta surgiu na margem oposta da clareira. Ele
possui uma ligação especial com o pinheiros, entre os quais ele se posta. É
interessante notar que, enquanto eu o estudava, um grupo de silfos passou por
sobre o topo das árvores. O deva olhou para cima e em seguida nos olhou de
esguelha, como a indagar se os tínhamos avistado. Ele se sente muito à vontade
entre as árvores, como se fosse o seu proprietário, sendo que, na sua
vestimenta – ou melhor, naquelas porções de sua aura que se assemelham a um
traje - observam-se franjas e trançados como aqueles que pendem dos pinheiros.
Sobre a cabeça, há um leque muito brilhante de cores luminosas, que, combinadas
com as franjas, dão-lhe um aspecto de índio norte-americano, com seu cocar de
penas e suas roupas esfiapadas.*
Tenho certeza de que ele se acha neste lugar desde tempos
imemoriais, quando tudo era inóspito e inabitado. Ele parece ser bastante
comunicativo e demonstrar uma atitude de maior familiaridade com os homens do
que a maioria dos devas. Parece ser uma característica especial desta região o
fato de o reino dos homens e o reino dos devas se apresentarem tão intimamente
ligados: sinto que os devas não são tão remotos e que a comunicação é mais
fácil.
Ele está me mostrando um pouco do seu método de trabalho. Possui a
faculdade de expandir consideravelmente a sua aura, de modo a abarcar um grande
número de árvores. Ele se coloca junto delas, absorve, por meio de um processo
bastante parecido com o da inalação, uma determinada quantidade de energia
natural, concentrando a sua aura em torno do grupo de árvores sobre o qual
pretende agir, para então liberar a sua energia com um efeito altamente
estimulante, o que tem como resultado o aceleramento do ritmo de atividade dos
espíritos da Natureza, estimulando e incrementando o progresso da consciência
incorporada às árvores (esse estímulo parece provocar uma resposta das tríades
monádicas através dos átomos permanentes).
Quando se desloca pelo espaço, ele dispõe as suas forças
áuricas de modo a que elas se dobrem, por assim dizer, às suas costas,
provavelmente a fim de que elas ofereçam o mínimo de resistência à liberdade de
seus movimentos. Quando ele se acha em repouso, a sua aura volta aos poucos a
ocupar a sua posição normal, e então tem-se a nítida impressão de grandes asas.
Tais asas áuricas não são usadas para o voo; a sua configuração resulta antes
da maneira pela qual ele dispõe as correntes de força que vibram através de sua
aura.
Ele retorna, agora, da floresta, acompanhado por um belo
espírito da Natureza, semelhante a uma encantadora jovem, com roupagens alvas e
finas, através das quais se entrevê as suas formas. Ela surgiu da floresta a um
chamado seu, feito com a mão esquerda estendida, e flutuou graciosamente pelo
ar em sua direção, segurando-lhe a mão com indisfarçável alegria, mas também
com alguma submissão. Existe, sem dúvida, uma certa afeição entre eles,
sugerindo um relacionamento humano de pai e filha, mas contendo também algo de
companheirismo. Ela mantém ligação com uma das árvores; alguma porção da
constituição psíquica da árvore penetra nela, e essa ligação se mantém durante
o tempo da separação. Tão logo foi liberada pelo deva, imediatamente retornou à
aura de isolamento magnético proporcionada pela árvore. Suponho que se trate de
um espírito da árvore.
Existe neste lugar uma espécie peculiar de gnomos que
flutuam pelos arredores com suas longas pernas informes roçando a relva; sua
cor é marrom-escura, e seu corpo homogêneo é de textura esponjosa. Os braços
terminam numa espécie de punhos cerrados e seus pés em pontas. O rosto é
escuro, de cor marrom, e suas vibrações são todas elas um tanto estranhas e
sobrenaturais. Uma pessoa sensível, aproximando-se do lugar durante a noite,
seria capaz de senti-las.
Nas raízes das árvores, existe também uma interessante
variedade de elfos da floresta, um grupo dos quais nos contempla com
indisfarçável curiosidade a cerca de vinte metros (20m) à nossa esquerda.
Possuem grandes cabeças com orelhas longas e pontudas que se projetam para os
lados. Os corpos são muito pequenos para o tamanho da cabeça, e sua expressão
revela uma mentalidade bastante inferior na escala de evolução. Eles correm e
se divertem por entre as folhas mortas, reunindo-se às vezes para formar como
que um anel e, de mãos dadas, rodear uma árvore ou um grupo de árvores,
executando uma curiosa dança. Parecem habitar as raízes das árvores, pois é
delas que os vejo surgir ao nível do chão, como alguém que transpusesse a
soleira de uma porta.
*Parece razoável supor-se que os cocares de penas pintadas
usados pelos índios são copiados das auras dos espíritos da Natureza, com os
quais eles se assemelham.
Nateby, Lancashire. 1º de setembro de 1922.
Este é um bosque pequeno e comprido, formado por olmos e
freixos bem desenvolvidos, com cerca de meio acre de extensão. Ele se distingue
dos estudados até aqui pelo fato de ser habitado por um único espírito da
Natureza, cujos métodos de trabalho são também, por sua vez, incomuns. Trata-se
de um deva consideravelmente desenvolvido e que atua sobre o bosque de um ponto
no espaço situado a cerca de 90 metros acima do topo das árvores.
Embora assexuado, a sua figura é positivamente masculina.
Suas cores principais são o carmim vivo e o dourado; o rosto é singularmente
belo, os olhos brilhantes e misteriosos; abaixo dos ombros, a figura se torna
indefinida em meio ao forte influxo da aura, que abarca todo o bosque,
encerrando-o num confinamento áurico. Aí observa-se um fluxo dirigido
verticalmente para o alto e que parte do centro da aura do deva; psiquicamente,
o todo parece maciço, sendo o espaço interior do envoltório áurico inteiramente
preenchido por finas linhas de força.
O deva permanece um tanto imóvel e, a julgar pela expressão
de seus olhos, extremamente vigilante e atento. Às vezes com um movimento dos
braços, ele direciona os fluxos de energia; a figura, no seu todo, constitui
uma das visões mais belas que já me foram dadas presenciar.
A aura do deva propriamente dita configura uma maravilhosa
forma ovóide, com matizes brilhantes, predominando os matizes das cores já
mencionadas, e que alcança uma altura de algumas centenas de metros: ela
resplandece e cintila como uma Aurora
borealis, enquanto a sua porção inferior, que abarca a floresta, desfaz-se
em graciosas curvas e possui uma cor carmim, acrescida de finos pigmentos ou
centelhas douradas em volta dos fluxos.
Suas dimensões são um dado de interesse: a sua altura, do
nível do chão ao ponto mais elevado da aura, é de cerca de 45 metros, sendo que
a copa da floresta possui aproximadamente a extensão de 16 x 27 metros.
Fonte: Livro O Reino dos Devas e dos Espíritos da Natureza –
Geoffrey Hodson. Editora Pensamento.
Tradução do livro: Hugo Mader.
Bênçãos!
Namastê!
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