Em Cotswolds. Um campo de trevos
2 de agosto de 1925
Há um tipo de espírito da natureza aqui que pertence ao
verdadeiro tipo da fada, e parece estar intimamente associado com o trevo. Tem
forma feminina, usualmente cerca de noventa centímetros de altura, mas capaz de
expansão até a estatura humana. Esta faculdade de expansão está sendo exercida
em uma medida maior do que eu já observei antes, e é muito frequentemente usada
entre os períodos de “trabalho”. Para o propósito de uma descrição mais
detalhada, escolhi uma fada que se aproximou de nós e paira com seus pés logo
acima dos botões do trevo. A forma é completamente coberta pela fluente túnica
áurica; há uma túnica por baixo ou por dentro, verde pálida, de uma textura
quase como chiffon, através da qual é
vista em certos momentos a mais vaga sugestão de uma forma rosada, quando
ocorrem mudanças na direção e forma do fluxo das forças áuricas. Sobre esta
túnica interna, e mescladas a ela, há faixas na cor da flor do trevo, as quais,
passando através da aura, aparecem sobrepostas ao verde; elas não assumem uma
forma permanente, embora sugiram linhas fluindo a partir dos ombros, descendo
juntas até a cintura e então se expandindo novamente à medida que fluem para os
lados para as porções inferiores da aura.
Mais uma vez se mostra a capacidade de imitação, pois quando
tento fazer uma observação precisa esta fada que descrevo começou a imitar o
casaco austríaco que visto, usando a cor malva do trevo para fazer o casaco.
Ela é muito destemida e amigável, e “paira” a cerca de um metro e meio de
distância, possibilitando-me assim ver claramente que bela criatura ela é.
Fluem forças de sua aura de um ponto correspondente ao plexo solar, que parece
ser uma parte vital de seu “corpo”; é de cor amarela dourada, e brilha como um
sol miniatura; suas radiações parecem finas linhas douradas correndo por toda a
aura; partem de ambos os lados do pescoço e fluem até a margem da aura,
sugerindo vagamente umas asas. Há um outro centro na cabeça, de cor branca
prateada, de onde, também, irradiam-se correntes de forças – principalmente em
direção ao espaço acima da cabeça; isto representa a atividade astro-mental, e
está constantemente mudando de cor e forma.
A cabeça é a de uma jovem, cabelos e sobrancelhas castanho escuros,
a face belamente arredondada, de aparência louçã e saudável; o cabelo é usado
longo, e flui para trás e para baixo desde a testa, e se dissipa em uma
corrente de força áurica; a forma dos membros não é visível através da verde
túnica áurica descrita acima, mas os pés são guarnecidos de botinas
delicadamente modeladas que sobem até a coxa, cujas aberturas superiores se
estendem como pétalas de uma flor acima dos quadris, que parecem estar envoltos
em meias verdes. As pétalas são de um tom de verde levemente mais escuro, e há
um toque de amarelo em certas partes, embora sua posição seja mutável. A túnica
verde a que me referi antes é muito ampla e frouxa, e sendo de uma textura
extremamente diáfana, está em constante movimento, como se soprada
continuamente pelo vento ligeiro. Ocasionalmente a forma central se torna
inteira e claramente delineada. Sua disposição é jovial e brincalhona. Ela
estende ambas as mãos diante de si, como se nos convidando a juntar-se a ela em
algum jogo de fadas entre os trevos.
Agora ela faz gestos de grande beleza que se sucedem com
agilidade inexcedível. Posso observar três deles. Ela começa trazendo mãos e braços
juntos completamente estendidos para baixo à sua frente, as palmas se tocando,
os dedos estendidos. Ambos os braços então fazem um movimento circular para os
lados e para cima, pausando por um momento na altura dos ombros e se
encontrando novamente bem estendidos acima da cabeça. Mantendo as mãos juntas,
ela traz os braços lentamente para baixo, bem estendidos à sua frente até a
primeira posição, a partir da qual ela repete o processo. Ela agora reverteu
este movimento e acrescentou mais dois raios de círculo através de pausas de
uma fração de segundo com os braços abertos a meio caminho entre a horizontal e
a vertical. O efeito disto foi o de estimular a atividade do centro do plexo
solar em tal grau que toda a aparência de túnica descrita antes desaparece,
assim como toda semelhança com a forma humana dos ombros para baixo, deixando
só os centros do plexo solar e da cabeça com suas radiações de forças fluentes.
Ela vitalizou-se com estes gestos, que constantemente repete, e aos quais está
acrescentando outros tão rápidos que é impossível acompanhá-la. Agora ele está
estendendo ambos os braços – um para a frente e um para trás – formando assim
novamente raios de um círculo em posições a meio caminho entre a horizontal e a
vertical; mas enquanto os “raios” do primeiro exercício descrito formavam um
disco achatado de frente para o espectador, estes últimos adicionam uma outra
dimensão à figura, e dão os diâmetros de uma esfera completa. É interessante
notar que as mãos e os dedos são mantidos completamente estendidos e que as
linhas de força saem deles até uma distância de cerca de vinte centímetros,
aumentando consideravelmente a beleza do efeito. A esta altura ela chegou a um
estado de exaltação; ela construiu, pelo movimento de seus braços e mãos, uma
esfera completa em torno de si mesma de pouco mais de dois metros e diâmetro,
na qual há dois focos - um no plexo solar e um na cabeça - mantendo a mesma
posição relativamente entre si e a forma esférica, como os dois focos gêmeos de
uma elipse. A face e os braços ainda são discerníveis, mas toda outra sugestão
de aparência humana se desfez; há simplesmente um globo de força expansiva,
cuja borda é claramente definida. Além desta margem há um cinza perolado
tremeluzente que também consiste de linhas de força irradiantes.
O contato com sua consciência, nesta condição, dá a sensação
da mais radiante felicidade, de uma intensidade de prazer muito além de
qualquer estado humano normal. Ao contrário dos espíritos da água que, tendo
atingido o ápice de exaltação, imediatamente descarregam a força de que estão
cheios, ela parece ser capaz de manter este estado. Agora ela está saindo da
forma que criou, subindo lentamente para acima dela para um nível superior do
plano astral, como que desaparecendo nele, até que a consciência, deixando o
brilhante globo flutuar imóvel no ar, escapa e aparentemente retorna para a
alma-grupo. A forma ainda permanece vívida, clara e radiante.
Com o intuito de experiência, dirigi uma corrente de força
para dentro da esfera; ela penetrou e passou através dela sem resistência, e
sem perturbar a forma, e eu tive a sensação da mesma estabilidade que se acha
em um giroscópio. A forma não resiste à passagem da força através dela, mas
resiste a qualquer esforço para mudar sua forma ou posição; por exemplo, eu
tentei elevá-la no ar sem sucesso.
Há globos similares a este em diferentes partes do campo, e
fadas, como esta descrita, com variações de tamanho, cor do cabelo e
compleição. As que de fato estão trabalhando nos trevos mergulham dentro deles,
imergindo no duplo astral da plantação, incluindo dentro de si mesmas uma área de
45 a 70 cm. Elas permanecem neste estado por algum tempo, então ressurgem,
pairam um pouco no ar, voam para outra parte do campo, e repetem o processo. O
campo tem aproximadamente dois acres de extensão, e deve haver pelo menos uma
centena de fadas trabalhando nele.
Um dos efeitos de seus esforços é estimular a consciência
astral daquela parte da alma-grupo vegetal que está encarnada neste campo.
Parece evidente que quando uma planta atingiu o estágio de florada, a
consciência animante está em seu estado mais ativo; então ela é muito
responsiva ao estímulo provido pelos membros da hierarquia dévica. Pode-se
quase sentir uma espécie de tensão ascendente da consciência da planta em direção
à fada naquela área na qual ela está trabalhando, e certamente há um estímulo
do processo evolucionário.
(Dez minutos mais tarde). O globo da fada ainda persiste. No
presente eu não vejo na mente da fada qualquer propósito especial para a
formação do globo; há, é claro, a alegria criativa natural na produção de um
objeto belo. Sem dúvida é dado algum uso a estes globos, embora no momento eu
não possa descobrir sua finalidade; talvez eles formem reservatórios de força
que gradualmente é descarregada na alma-grupo vegetal.
Um grupo de fadas agora está dançando em torno do globo
particular que estive descrevendo, banhando-se em sua atmosfera radiante e
obtendo evidente prazer da contemplação de sua beleza. Elas fizeram um círculo
completo em seu redor, e executam evoluções como as de uma dança campestre.
Estas, por sua vez, estão produzindo uma forma; à medida que dançam estão
construindo uma taça em forma de pétalas, na qual descansa a esfera; as pétalas
sobem mais e mais, até que atingem um nível logo acima do topo da esfera,
criando uma belíssima forma floral de cerca de 2,5 a 3,5 metros de diâmetro e
de 2,5 metros de altura - uma espécie de flor-modelo no plano astral, uma coisa
de beleza gloriosa e de proporções perfeitas. À medida que observo, as pétalas
crescem ainda mais e gradualmente se fecham acima do globo. A dança e canto das
fadas - eu não ouço o som, mas a partir do movimento de suas bocas e expressões
de suas faces, presumo que estejam cantando - se tornam mais selvagens, como se
o clímax estivesse se aproximando; elas subiram para acima do solo e continuam
a circundar a forma que criaram, na altura de quase um metro, com suas cabeças
jogadas para trás, seus cabelos esvoaçando, o róseo lustro de seus membros
aparecendo à medida que dançam. Suas poses e gestos são belíssimos.
Durante estas evoluções, seus olhos permanecem
intencionalmente fixos nas pétalas, pois para cada uma parece haver uma fada
responsável. Elas estão exercitando um poder construtor de formas, em cuja
aplicação elas parecem peritas; cada uma mantém intensa concentração, o olhar
fixo no ponto mais extremo até onde as pétalas cresceram. Agora as pétalas
pendem em curva graciosa para o centro, onde gradualmente se encontram e unem.
As fadas subiram até o topo, ainda dançando e cantando, ainda com seus olhos
sobre a sua obra; fizeram uma complexa forma floral, não exatamente esférica,
mais estreita na base do que no topo, onde é quase plana; sua forma é
singularmente bela, e as linhas das pétalas originais, embora agora todas
estejam unidas em uma só, ainda são visíveis. Elas elaboraram uma concha envolvente
de puro branco iridescente, tinto aqui e ali das cores verde e do cravo;
através dela brilha tenuemente o globo que ela contém.
As fadas rompem seu círculo em um ponto, abrem-se em uma
linha, movem-se através do campo para outro globo, em torno do qual iniciam um
processo similar. Isto ocorre em diversas partes do campo onde a essência
elemental está sendo modelada em formas como a primeira. Assim nascem e assim
crescem as "flores" do plano astral.
Fonte: Livro O Reino Das Fadas – Geoffrey Hodson - Primeira
Edição em 1927 - The Theosophical
Publishing House - (Londres).
Meus Deus, q magnífico! Flores sendo criadas por fadas dançando...nunca ia sonhar algo tão perfeito...a natureza é ainda mais divina do que eu imaginava!
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